Hoje, a notícia do dia não tem nada a ver com as presidênciais, com o Cavaco ou com nada que se pareça. O estrondo do dia é Beto: o Beto vai-se embora do Sporting.
Como lagarta convicta, o meu coração está triste, chora, até sangra. Estou desamparada. Estou perdida no meio de tanta violência psicológica. Porque é que o deixam ir embora?! O Sporting já não vai ter alguém que mande no banco, não vai ter alguém que ensine os mais pujantes palavrões aos novos contratados, não vai ter alguém que defenda mal e que deixe todos os sportinguistas na mais profunda fossa clubística, não vai ter alguém que deu 10 anos da sua carreira ao clube...(não interessa que seja porque outros clubes nunca o quiseram assim muito.)
O Sporting, a partir d'hoje, é outro. Qual é o sentido de correr para o estádio Alvalade XXI, subir 325 escadas, já no topo ouvir o grito GOOLLLLOOOOOO sem ver golo nenhum, chegar ao lugar e nem conseguir respirar bem de tanta correria, tirar o casaco porque está calor, procurar a grupeta do costume, voltar a tirar outro casaco porque está mesmo calor, discutir em grupo quem está a jogar (pq lá de cima não se vê nada), vestir o último casaco que tinha despido porque começa a esfriar, fumar um cigarro numa das posições mais incómodas de sempre (para não chatear os outros com o fumo), ter de ouvir e ver acessos de histeria compulsiva por parte dos "fellows" sportinguistas, voltar a vestir o casaco porque está mesmo frio, levantar cerca de sete vezes porque é quase golo do Sporting, pensar que está um frio do caraças, pular de alegria quando o Ricardo defende um penalty, voltar a pensar que está um frio do caraças, comentar que está um frio dos diabos, ouvir três gatos pingados a gritarem golo da pífia da outra equipa e ... o Beto não está!?!?!?!??! Mas que raio de futebol é este? Onde está o meu alento destes dias? Ele podia nunca mais jogar, nem era isso que interessava, mas ficar no Sporting para sempre, para sempre...
Espero que ao menos o clube se digne a não substituir a camisola 22. Que a ponha num altar. Eu adorarei ídolos!
Estou muito triste... e não há cumplicidade de joelho que aguente, não há olhares que resistam, mesmo que deitados sobre macas.