Louçã e Jerónimo
São, sem dúvida, os parentes pobres destas eleições presidenciais. Porque não são aquilo a que chamamos “presidenciáveis” e uma vez que a candidatura com que nos brindaram ter sido motivada apenas pelo interesse partidário e eleitoral. Precisavam de tempo de antena e tiveram-no.
Posto isto, julgo que ambos fizeram uma campanha bastante positiva. Se há três meses me perguntassem que é que faria mais oposição rasteira a Cavaco Silva eu teria dito que, sem dúvida, os candidatos mais à esquerda do espectro político… mas não. Os factos estão aí e foi mesmo o bonacheirão Mário Soares quem fez questão de levar o estandarde, agitar a pandeireta e dar uma forte cavacada liderando, longe do resto do pelotão, a tuna anti-cavaco.
Ambos estiveram bem mas (e há sempre um mas) Jerónimo esteve melhor.
Ambos dizem coisas acertadas, infelizmente pontuadas pelo radicalismo dogmático que caracteriza o extremo esquerdo da política. Defendem quem muitas vezes é esquecido, e mal, pelos outros partidos. Mantêm uma saudável e incrível actualidade na luta pelas franjas mais pobres da nossa sociedade. Numa palavra, fazem sentido como formações políticas no nosso país. Mas Jerónimo de Sousa soa a verdadeiro e Francisco Louça não.
A honestidade é talvez um dos maiores patrimónios do Partido Comunista Português. Característica que funcionará como um seguro de vida importante num mundo de grandes oscilações em que nem o melhor marketing, como o do Bloco de Esquerda, pode garantir a vida de um líder, de uma ideologia ou de um partido político.
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