segunda-feira, janeiro 23, 2006

Maioridade



O resultado das eleições presidenciais marca um momento importante da, até agora, jovem Democracia portuguesa: atingimos a maioridade. Contudo, ontem foi apenas a confirmação de um processo que se iniciou há cerca de um ano, com a primeira maioria absoluta do Partido Socialista.
Mas vamos voltar ao princípio… após o parto difícil (74/76), com as sobras de uma nova ditadura pós 25 de Abril, desta vez de sinal contrário e tendo como seus entusiastas os partidos da esquerda radical – da qual excluo em parte o PC uma vez que estava consciente da impossibilidade de fazer de Portugal uma espécie de Cuba à europeia, embora não lhe faltasse vontade –, a meninice da Democracia Lusa foi marcada pela morte de um dos seus pais fundadores (Sá Carneiro) e pelos gemidos próprios das diversas fazes do crescimento (MFA, etc…). Mais tarde chega a adolescência: Cavaco Silva, com ampla maioria absoluta, confirma que já não há espaço para birras e que o país não pode voltar a brincar. Sucedem-se outras crises (fim do Cavaquismo) e a vaidade própria de uma jovem Democracia que pensava estar na moda (Guterres, Expo e Figo). No entanto, pouco tempo depois, vieram novas crises: as primeiras depressões existencialistas, as dores do siso (Entre-os-rios) e a antevisão da penúria financeira própria de uma jovem Democracia que já começa a não contar com a “coroas” da Tia rica chamada Europa. Era aqui que estávamos há um ano atrás.
Ontem fechou-se o ciclo que confirma a entrada da Democracia portuguesa na idade adulta. Isto porque, em apenas dois anos, se findaram dois fantasmas que continuavam a torcer-nos o pescoço e a levar-nos a ruminar sobre as crises da nossa meninice: a esquerda obteve a sua primeira maioria absoluta e a direita conseguiu o seu primeiro Presidente da República.
Assim acabam as infantilidades da democracia, os festejos à futebol, os analistas que dizem que o eleitorado é natural da esquerda ou da direita, etc… Não digo que tenha acabado de vez, mas começamos a entrar num terreno em que já se tornam imperdoáveis os tiques na nossa, ainda agora terminada, adolescência.

2 Comments:

Blogger gripes said...

Estragaste todo o impacto do meu post. Ainda por cima com assuntos sem graça nenhuma... continuo triste.

4:03 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

lololol.

O que é que tem a Ingrid hoje... tá cheia de graça!!!

Boa análise!

9:14 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home

Site Meter