EU
Chamei sangue a este mar que me corre nas veias e terra a esta carne que me cobre os ossos, sou homem dividido entre o chamamento desse infinito azul de quem herdei a melancolia do olhar e a alma revoltada num género de mar em dia de tempestade... Mas a terra, a boa e velha terra... é um porto seguro, que não me deixa partir, o sítio onde tenho as minhas raízes, a compreensão de tudo o que de mais fundo e primário há em todo o meu ser.
A duvida, o ir e o ficar, a calmaria de uma terra ou a revolta e força de uma tempestade no mar? A resposta é minha, a duvida também. Partir ficar... ganhar asas e voar, partir... ou ganhar asas e ficar, fazer desta terra o meu lar, esquecer o azul do mar... correr o risco de ser um dia velho sentado na praia com o rosto queimado pelo Sol e rugas fundas como terra lavrada e o olhar perdido no horizonte a pensar, a sonhar, a recordar memórias que não foram... correr esse risco... será que vale a pena? O sentimento de partir é forte mas tenho também a duvida, e se partir e nunca chegar a lado nenhum? se o mar não for casa nem destino? se o mar for sempre ponto de partida e nunca ponto de chegada? se partir e hoje a minha casa, a minha terra o não for mais? Sou homem, sou feito de sangue e de carne... a duvida... como viver quando a nossa essência nos puxa em sentidos opostos, o que fazer quando não somos um, quando somos mais do que um, quando somos mais do que a soma dos factores? O que fazer? O que ser? Para onde partir, onde chegar?
JAlvim
A duvida, o ir e o ficar, a calmaria de uma terra ou a revolta e força de uma tempestade no mar? A resposta é minha, a duvida também. Partir ficar... ganhar asas e voar, partir... ou ganhar asas e ficar, fazer desta terra o meu lar, esquecer o azul do mar... correr o risco de ser um dia velho sentado na praia com o rosto queimado pelo Sol e rugas fundas como terra lavrada e o olhar perdido no horizonte a pensar, a sonhar, a recordar memórias que não foram... correr esse risco... será que vale a pena? O sentimento de partir é forte mas tenho também a duvida, e se partir e nunca chegar a lado nenhum? se o mar não for casa nem destino? se o mar for sempre ponto de partida e nunca ponto de chegada? se partir e hoje a minha casa, a minha terra o não for mais? Sou homem, sou feito de sangue e de carne... a duvida... como viver quando a nossa essência nos puxa em sentidos opostos, o que fazer quando não somos um, quando somos mais do que um, quando somos mais do que a soma dos factores? O que fazer? O que ser? Para onde partir, onde chegar?
JAlvim