O Presidente
Fonte; multimedia.iol.pt
Uma das acusações mais recorrentes à postura de Cavaco Silva é a de que já age como se fosse Presidente da República. Diz-se que Cavaco não fala, não opina, não toma posições, porque se acha já convencido que irá ganhar as eleições e que, por isso, já se comporta como Chefe de Estado.
Não fala de tudo e mais um par de botas. Diz o essencial.
Não opina, porque não se sente confortável a mandar opiniões ao vento e porque sabe que o lugar a que se candidata pouco deixa de espaço a opiniões ou a impressões: os poderes do Presidente da República, como o veto, a dissolução da Assembleia da República ou a exoneração do primeiro-ministro, não são matéria passível de “opiniões”, como se da mesa de um café o Presidente arbitrasse o jogo político.
Por fim, Cavaco Silva não toma posições. Ou melhor, toma posição só sobre alguns assuntos, deixando de fora questões como a guerra ao terrorismo, os ‘cheliques’ da França jacobina e anti-americana e o anti-americanismo de Bush que pisa a liberdade e a democracia pensando que as está a promover.
E não o faz por duas razões: primeiro, porque a maior parte destes assuntos é tratado, de forma directa, pelo poder executivo (governo) e não pelo Presidente; segundo, porque até tomar posse, se vier a tomar, o Palácio de Belém é ocupado por outro inquilino, Jorge Sampaio.
Alguns dir-me-ão que os portugueses não podem votar no escuro e que precisam saber o que vai na alma do candidato. E Cavaco já respondeu. Respeitará as decisões do governo e do parlamento.
De facto, acabo por concordar: Cavaco comporta-se com PR. E é disso mesmo que os portugueses querem tratar quando estiverem no segredo da urna de voto: eleger um Presidente da República.