quarta-feira, dezembro 29, 2004

O Caminho

Dizem por ai que tudo tem uma razão de ser, muitas vezes maior que nós, ultrapassando em larga escala a nossa capacidade de compreender e de conseguir lidar com os factos. O que hoje escrevo tem como ponto de partida os tristes acontecimentos dos últimos dias. Não, não estou a falar do nosso governo embora também este contribua numa base quase diária com tristezas, falo-vos antes do maremoto que aconteceu. É verdade, o terrível Tsunami. Não vos vou falar (escrever é o termo mais correcto) sobre a própria da catástrofe natural nem do que se passa por lá. Achei, no entanto, que seria um bom ponto de partida para fazer uma pequena reflexão sobre nós próprios e a nossa condição.

Não que me tenha sentido de modo algum posto em causa nem afectado directamente mas, estas reflexões têm sempre um mas, não posso deixar de pensar que no meio disto tudo algures por ai há uma razão para este tormento, não o tormento físico que é com certeza grande e sentido por quem lá se encontrava e encontra mas sim a estranha dor de quem se encontra do lado de cá, no conforto das suas casa e que perante tanta imagem luta com um nó na garganta, sofrendo também.

A primeira pergunta que me surge quando sinto este estranho sentimento é, será que é por eles que estou arrebatado de sentimentos e tristezas, que me revoltam e me fazem querer dar um grito que, ainda que surdo fizesse o mundo parar e voltar para trás, um grito que fosse capaz de apagar tudo aquilo que me entra pela casa a dentro sem ser convidado, fazendo de mim, sem que aperceba verdadeiramente disso, um voyer, que espreita a desgraça alheia. Ou será que simplesmente este nó na garganta, que teima em não correr, não é mais que uma vontade de me chorar, de chorar tudo aquilo que trago bem dentro de mim e que por mais do que uma razão não consigo largar nem deitar cá para fora?

Será que num Mundo como o que temos hoje a nossa condição de Humanos deixou de ter como fio de prumo os sentimentos e passamos a ser máquinas de trabalho, não podendo haver lugar para fraquezas, para tristezas ou alegrias, será que a verdade é que abulímos por completo os sentimentos e que racionalizamos tudo de tal forma que perdemos a capacidade de sentir? Achava eu que não mas depois pergunto-me, que raio de Homens somos nós que precisamos das tragédias alheias para podermos, de uma forma camuflada, carpir as nossas próprias desgraças. Será que a velha frase um homem não chora em vez de ser desmistificada e posta de parte se tornou numa das ideias com maior aceitação e deixou de ser só aplicável ao homem e passou a ser aplicado ao Homem?

Parece-me uma questão de maior importância esta que se coloca sobre a nossa capacidade de sermos seres humanos isto, tendo em conta que cada vez mais se chega à conclusão de que os sentimentos e os afectos são factores que podem diminuir a nossa capacidade de produção. Somos ensinados desde pequenos que não devemos mostrar as nossas fraquezas. Até aqui tudo bem... não fosse a pergunta o que é que são as nossas fraquezas? É aqui que começa verdadeiramente o problema, é aqui que entram os sentimentos e tudo o que nos via na alma, tudo aquilo que nós somos, o nosso verdadeiro eu.

Que raio de mundo é este em que as pessoas podem não conseguir um trabalho simplesmente porque são divorciadas e isso acarreta uns quantos problemas de ordem emocional... caramba, será que não é suposto termos problemas? Afinal de contas somos só seres humanos, os problemas fazem pare da nossa ecencia. No dia que não tivermos problemas seremos deuses ou estaremos ao lado de Deus e mesmo nessa altura tenho duvidas de que eles acabem, basta olhar para o caminho que alguns de nós parecemos seguir para imaginar a dor de cabeça que o próprio Deus não deve ter ao pensar mas como é que vou chegar até eles...

Poderia com este meu discurso parecer que sou um céptico mas não é verdade, a verdade é que sou um sonhador e um optimista, uma pessoa que acredita que ainda não está tudo perdido e isto porque quando olho à minha volta e veio gente que se emociona com um ponto de encontro ou com uma tragédia num qualquer país distante sinto que ainda somos capazes e que ainda podemos dar a volta. Já não sabemos como sentir e muitas vezes temos dificuldade em faze-lo no entanto a busca é enorme, a vontade de sentir é grande por demais. Queremos sentir de verdade, sem desculpas e sem medo. Acredito piamente que basta que nos mostrem o caminho e nós seremos homens e mulheres que sentem e que o fazem de cara bem levantada sem medo de mostrar aquilo que somos, seres Humanos.

Pode demorar e pode custar mas estou certo que um dia não será próprio escondermos o que somos e sentimos e nos será pedido para que o mostremos, nos mostremos verdadeiramente como somos.

JAlvim

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Tsunami


fonte: www.cnn.pt

Sem comentário.

fonte: www.omelete.com.br

Grande filme. Apesar de não ser grande apreciador de desenhos animados... rendi-me a este filme da Disney. Recomendo.

Nota (1-5):

sexta-feira, dezembro 24, 2004

Talk about being God?


fonte: www.ezthemes.com

Desculpem-me o trocadilho mas acho que o Natal se tornou numa coisa parecida com isto. O Santa Claus da Coca-Cola vai surrateiramente substituindo o verdadeiro sentido desta festa. Por mim falo: há muitos anos que não acredito no Pai Natal. Passei a acreditar mais no menino Jesus. Bom Natal.


quinta-feira, dezembro 23, 2004

"Não nos rendemos. Recomeçamos."


fonte: urbi.ubi.pt

Acabei hoje de ler "A Morte de um Apicultor" de Lars Gustafsson, Edições Asa. Excelente livro. Só não o aconselho a hipocondríacos, como eu aliás. É que o livro trata precisamente da recta final da vida de um professor sueco reformado, que tendo um cancro opta por não se tratar num hospital. O narrador da "história" é o pobre do homem, que vai anotando em três cadernos distintos aquilo que se vai passando com o seu corpo e com o seu espírito.Ultrapassados os anti-corpos do tema central - o cancro do homem - acaba por se revelar como um excelente livro. Muitos consideram A Morte de um Apicultor como a obra-prima do maior nome da literatura contemporânea suéca.

Nota (1-5):
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